Antes que o presidente reeleito dos Estados Unidos, Barack Obama,
possa relaxar e comemorar a conquista de um novo mandato, ele talvez
deva considerar alguns dos desafios que tem pela frente.
Os problemas não são novos e já estão na agenda do presidente. O grande desafio agora é solucioná-los.
Veja cinco questões cruciais que Obama terá de enfrentar:
1. Uma economia ainda em dificuldade
Os EUA estão lentamente saindo de sua pior crise desde a Grande Depressão.
O
desemprego caiu, mas permanece insistentemente alto, em 7,9%, e a
criação de vagas continua lenta demais para absorver os milhões de
americanos desempregados ou com subempregos. O crescimento econômico
também permanece vagaroso - 2% no terceiro trimestre.
Um pequeno choque já poderia derrubar a economia novamente.
Entre
os muitos problemas enfrentados pelos EUA estão a crise de dívida na
Europa e seu impacto sobre o comércio global, as dificuldades que
persistem no mercado imobiliário, incertezas sobre a política fiscal do
governo no curto prazo e preocupações com a divisão política em
Washington.
Apesar de tudo isso, os americanos tiveram algumas
boas notícias nas últimas semanas -o emprego cresceu, ainda que de
maneira modesta, há uma retomada do PIB, mesmo que lenta, sinais de que o
mercado imobiliário está finalmente começando a se recuperar e uma alta
na confiança do consumidor que sugere que os americanos podem
finalmente estar prontos para abrir suas carteiras.
Se, como
alguns analistas acreditam, há uma economia vibrante pela frente, Obama
sem dúvida vai reivindicar o crédito pelo bom desempenho.
2. O abismo fiscal e, depois, o déficit no orçamento
A
partir de 1º de janeiro haverá aumento de impostos e cortes nos gastos
do governo que irão afetar praticamente todos os americanos e podem
devastar a já fraca economia - a não ser que o Congresso tome alguma
medida.
O chamado abismo fiscal não é um acidente de política ou
finanças. Foi criado deliberadamente em um acordo feito em 2011 entre
Obama e o Congresso como um incentivo para que concordassem com um plano
para reduzir o déficit no orçamento no longo prazo.
A ideia era
que os democratas e os republicanos agiriam para evitar cortes em defesa
e programas sociais sensíveis para ambos os lados, assim como o fim de
um corte temporário de impostos e de redução de impostos da época do
governo de George W. Bush.
Esse acordo foi transformado em uma lei
que deveria ser temporária, mas o Congresso tem demonstrado pouca
inclinação em deixar que expire.
Economistas dizem que a
combinação de cortes de gastos drásticos e aumento de impostos poderia
jogar a frágil economia americana de volta à recessão.
Espera-se que um acordo que tire os EUA do abismo fiscal também aborde o déficit, que neste ano chegou US$ 1,1 trilhão.
Para
isso, o presidente e o Congresso terão de lidar com programas sociais
em rápida expansão, o orçamento de defesa de US$ 651 bilhões e a
estrutura de imposto de renda.
3. Irã
O Irã está presente em
diversos desafios da política americana: reduzir a presença dos EUA no
Afeganistão, garantir a estabilidade do Iraque, promover a resolução do
conflito entre Israel e os palestinos, lutar contra o terrorismo,
garantir acesso livre a energia e impedir a proliferação nuclear.
BBC Brasil
"Chanceler do Irã. AFP"
Os
EUA continuam determinados a evitar que o Irã fabrique armas nucleares.
O Irã afirma que seu programa nuclear tem fins pacíficos, e seus
líderes prometeram resistir às crescentes sanções internacionais que
estão enfraquecendo sua economia.
'Os EUA e o Irã estão
essencialmente em um estado de guerra fria', diz Karim Sadjapour,
analista no Carnegie Endowment for International Peace, em Washington.
Sob
o regime do supermo líder Aiatolá Ali Khamenei, o governo iraniano
definiu seus interesses nacionais em oposição aos EUA, diz Sadjapour.
Outro
fator que Obama tem de considerar é a ameaça de um ataque militar de
Israel contra a infraestrutura nuclear do Irã - e a promessa iraniana de
retaliar.
A chave para Obama será lidar com as ambições nucleares do Irã sem recorrer à força militar, diz Sadjapour.
Para
o analista, uma ação militar no Irã poderia exacerbar todos os outros
problemas que os EUA enfrentam no cenário internacional e iniciar uma
guerra regional.
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4. Custos do Medicare
O Medicare, o enorme
programa de saúde do governo para americanos com mais de 65 anos ou
deficientes, deve ficar sem dinheiro em breve.
Com quase meio
século, o programa é considerado uma das conquistas dos democratas, mas
sofre com pressões de dois lados: o crescente aumento dos custos de um
sistema de saúde ineficaz e a iminente aposentadoria da geração do
baby-boom.
BBC Brasil
"Medicare. Getty"
O
programa de seguro de internação do Medicare deve ficar sem dinheiro em
2024. O programa de consultas médicas e medicamentos com receita, vão
crescer de 2% do PIB no ano passado para 3,4% do PIB em 2035.
Segundo
Don Berwick, ex-administrador dos centros de serviços do programa, o
desafio pela frente é muito mais complicado do que simplesmente mudar a
estrutura de financiamento do Medicare. Segundo ele, o sistema de saúde
inteiro precisa de mudanças.
5. Atuação com o Congresso
Obama
se encontra mais uma vez rivalizando com um Congresso dividido que
viveu em impasse nos últimos quatro anos, quase sem conseguir aprovar
qualquer legislação mais polêmica.
A maioria dos analistas prevê
que o Congresso continuará dividido, com os republicanos com o controle
da Câmara dos Representantes e os democratas mantendo uma pequena margem
de vantagem no Senado.
Pelo menos no curto prazo, nada sugere que
os republicanos, que controlam a Câmara e têm número de votos
suficiente no Senado para bloquear propostas, terão mais disposição de
entrar em acordo com os democratas do que no primeiro mandato de Obama.
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Fonte: http://noticias.br.msn.com/brasil/os-cinco-desafios-de-obama-em-seu-segundo-mandato